quinta-feira, 7 de maio de 2015

Lula deu uma surra no Panelaço (Por Paulo Nogueira - de Londres)

6/5/2015 13:21

Lula
Lula falou em rede de rádio e TV na noite de terça-feira

A direita não deve ter ficado muito feliz na noite passada. Porque o fato é: Lula surrou o Panelaço. Aconteceu com o Panelaço o mesmo que ocorrera com o Protesto de 12 de abril: murchou, pifou, depois de uma primeira edição surpreendentemente bem sucedida.
O duplo fracasso – do Panelaço e do Protesto – trai uma verdade doída para os interessados na derrubada de Dilma: seu momento passou.
Passou primeiro porque é simplesmente uma estupidez querer cassar 54 milhões de votos sob pretextos cínicos, falsos e vis.
Segundo porque o governo Dilma e o PT retomaram a iniciativa. Ficou claro, por exemplo, que ao contrário do que a imprensa vinha tentando propagar os problemas econômicos do país não são exclusividade nacional. Fazem parte de um drama mundial.
Foi grande o esforço dos comentaristas das corporações de mídia em levar os inocentes a crer que o dólar alto era um fenômeno apenas do Brasil. Mentira. Houve também uma mobilização conservadora para retratar uma Petrobras aos pedaços.
Outra mentira. As ações da Petrobras não param de subir, e investimentos bilionários na empresa feitos pela China e pela Shell mostram que a mídia brasileira definitivamente não é levada a sério fora do seu quadrado de atuação.
E então chegamos a Lula, a grande estrela do programa do PT que foi ao ar ontem em rede nacional. Para desespero da oposição, Lula demonstrou que é o Lula de sempre. Não apenas exibe vigor físico como continua a dominar a arte de falar e convencer.
É um caso único de poder de retórica no universo político brasileiro. Lula reúne simplicidade e profundidade em seu discurso, e transmite sinceridade mesmo quando fala alguma bobagem.
Comparemos. Aécio fala com pedantismo, com ares de político da Velha República, um Tancredo com implante de cabelo e dentes artificialmente brancos. FHC é aquele professor que repete a mesma coisa há meio século, e que ninguém aguenta mais escutar. Alckmin é uma mistura de Frontal com Dormonid.
E Dilma pensa melhor que fala, muito melhor. Usa frases longas e repete expressões que acabam com qualquer estilo. (Acredito que etc etc, por exemplo). Dilma poderia – deveria – ter treinado a arte de falar em público, mas é preciso reconhecer que mesmo com todas as suas limitações neste terreno ela não teve maiores problemas em lidar com Serra e Aécio.
As circunstâncias precipitaram os debates sobre 2018, e Lula aparentemente leva muita vantagem sobre seus eventuais oponentes. A direita talvez se preocupe com o tom incisivo de Lula nos últimos tempos, mas não há razões para pânico.
Lula está mobilizando a militância do PT com seu discurso ligeiramente radicalizado, o mesmo grupo que provavelmente o levará ao Planalto em 2018. Depois, seu espírito conciliador, de sindicalista acostumado a negociar, prevalecerá.
Num país tão polarizado, tão dividido, tão cheio de ódio, um conciliador pode devolver o sentimento perdido de unidade. Até por isso Lula sobra, desde já, para 2018.
Paulo Nogueira é jornalista, diretor de Redação do site Diário do Centro do Mundo.

sábado, 2 de maio de 2015

Elite deve acender vela e agradecer meu trabalho e de Dilma

Ex-presidente ressaltou não ser candidato a nada, mas se mostrou "pronto para briga" e disse que não vai "baixar a crista



Elite deve acender vela e agradecer meu trabalho e de Dilma
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (1º), durante o ato da CUT (Central Única dos Trabalhadores), no Vale do Anhangabaú, região central de São Paulo, que a elite brasileira deveria acende uma vela para agradecer sua passagem pelo governo.  

“Eu sou um cidadão quase que aposentado. Mas o que me deixa inquieto é o medo que a elite brasileira tem de que eu volte à Presidência da República. É um medo inexplicável, porque nunca eles (empresários, banqueiros e trabalhadores) ganharam tanto dinheiro na vida como ganharam no meu governo. Eles deveriam todo dia agradecer e acender uma vela para minha passagem e a da Dilma pelo governo", disse Lula. 

Segundo ele, nos 12 anos de governo do PT (Partido dos Trabalhadores), o salário mínimo se manteve valorizado. 

O ex-presidente também criticou a imprensa brasileira, principalmente as revistas "Época" e "Veja", que segundo ele fazem "insinuações" de que ele possa estar envolvido no esquema de corrupção na Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato. Na edição desta semana, a revista "Época" diz que o Ministério Público está investigando o ex-presidente por tráfico internacional de influência.  

"Aí vem essas revistas brasileiras, que são um lixo, não valem nada. Eu certamente serei criticado por estar sendo agressivo, mas queria dizer olhando na cara da imprensa: pegue todos os jornalistas da "Veja", da "Época", enfie um dentro do outro que não dá 10% da minha honestidade".  

Na sequencia, ele ressaltou que não é candidato a nada, mas diz que não vai fugir da "briga".

"Se alguém achar que eu vou baixar meu rabo e minha crista por conta de insinuação, eu não vou baixar meu rabo. Eu estou quietinho no meu lugar. Estão me chamando pra briga. Eu sou bom de briga. Eu volto pra essa briga. Não tenho intenção de ser candidato a nada, mas eu tenho intenção de brigar", disse ele.  

Lula também fez um discurso em defesa da presidente Dilma Rousseff (PT), sua sucessora no governo e alvo de pedidos de impeachment. 

"Se mexer com a Dilma, não vai mexer só com uma pessoa, mas com milhões de brasileiros. Ela foi eleita para mais quatro anos e daqui quatro anos estaremos aqui comemorando o êxito do governo dela", afirmou.  

Alinhado com a pauta dos movimentos sindicais, que incluem além da CUT, a Intersindical e a CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil), Lula também criticou a PL 4330, que regulamenta as terceirizações. 

Terceirizações e Redução da Maioridade Penal 

Citando estudo encomendado pela CUT ao Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), ele afirmou que a remuneração do trabalhador terceirizado é 24,7% menor que do trabalhador direto, que a rotatividade é maior em empresa terceirizadas é o dobro e que os acidentes e mortes de trabalhadores são maiores quando a empresa é terceirizada. 

O ex-presidente criticou também a PEC (Projeto de Emenda Constitucional) 171/93, que prevê a diminuição da maioridade penal de 18 para 16 anos. "A redução da maioridade penal é um tema caro. E não é ser de direita ou de esquerda porque nem os militares ousaram reduzir. Mas parte da elite conservadora acha que vai resolver o problema colocando moleque de 15 anos na cadeia. Qual o crime que o Estado comete ao não dar oportunidade. Como punir a juventude que não teve oportunidade de estudar", disse. 

"Se a gente permitir [que a redução da maioridade penal seja aprovada] estaremos cometendo um crime, punindo inocentes e deixando os culpados soltos comemorando a vitória".

Fonte: iG