sábado, 2 de maio de 2015
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva disse nesta sexta-feira (1º), durante o ato da CUT (Central Única
dos Trabalhadores), no Vale do Anhangabaú, região central de São Paulo,
que a elite brasileira deveria acende uma vela para agradecer sua
passagem pelo governo.
“Eu sou um cidadão quase que aposentado.
Mas o que me deixa inquieto é o medo que a elite brasileira tem de que
eu volte à Presidência da República. É um medo inexplicável, porque
nunca eles (empresários, banqueiros e trabalhadores) ganharam tanto
dinheiro na vida como ganharam no meu governo. Eles deveriam todo dia
agradecer e acender uma vela para minha passagem e a da Dilma pelo
governo", disse Lula.
Segundo ele, nos 12 anos de governo do PT (Partido dos Trabalhadores), o salário mínimo se manteve valorizado.
O ex-presidente também criticou a
imprensa brasileira, principalmente as revistas "Época" e "Veja", que
segundo ele fazem "insinuações" de que ele possa estar envolvido no
esquema de corrupção na Petrobras, investigado pela Operação Lava Jato.
Na edição desta semana, a revista "Época" diz que o Ministério Público
está investigando o ex-presidente por tráfico internacional de
influência.
"Aí vem essas revistas brasileiras, que
são um lixo, não valem nada. Eu certamente serei criticado por estar
sendo agressivo, mas queria dizer olhando na cara da imprensa: pegue
todos os jornalistas da "Veja", da "Época", enfie um dentro do outro que
não dá 10% da minha honestidade".
Na sequencia, ele ressaltou que não é candidato a nada, mas diz que não vai fugir da "briga".
"Se alguém achar que eu vou baixar meu
rabo e minha crista por conta de insinuação, eu não vou baixar meu rabo.
Eu estou quietinho no meu lugar. Estão me chamando pra briga. Eu sou
bom de briga. Eu volto pra essa briga. Não tenho intenção de ser
candidato a nada, mas eu tenho intenção de brigar", disse ele.
Lula também fez um discurso em defesa da
presidente Dilma Rousseff (PT), sua sucessora no governo e alvo de
pedidos de impeachment.
"Se mexer com a Dilma, não vai mexer só
com uma pessoa, mas com milhões de brasileiros. Ela foi eleita para mais
quatro anos e daqui quatro anos estaremos aqui comemorando o êxito do
governo dela", afirmou.
Alinhado com a pauta dos movimentos
sindicais, que incluem além da CUT, a Intersindical e a CTB (Central dos
Trabalhadores do Brasil), Lula também criticou a PL 4330, que
regulamenta as terceirizações.
Terceirizações e Redução da Maioridade Penal
Citando estudo encomendado pela CUT ao
Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos), ele afirmou que a remuneração do trabalhador
terceirizado é 24,7% menor que do trabalhador direto, que a rotatividade
é maior em empresa terceirizadas é o dobro e que os acidentes e mortes
de trabalhadores são maiores quando a empresa é terceirizada.
O ex-presidente criticou também a PEC
(Projeto de Emenda Constitucional) 171/93, que prevê a diminuição da
maioridade penal de 18 para 16 anos. "A redução da maioridade penal é um
tema caro. E não é ser de direita ou de esquerda porque nem os
militares ousaram reduzir. Mas parte da elite conservadora acha que vai
resolver o problema colocando moleque de 15 anos na cadeia. Qual o crime
que o Estado comete ao não dar oportunidade. Como punir a juventude que
não teve oportunidade de estudar", disse.
"Se a gente permitir [que a redução da
maioridade penal seja aprovada] estaremos cometendo um crime, punindo
inocentes e deixando os culpados soltos comemorando a vitória".
Fonte: iG
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