Por Vinicius Sartorato*
Diante da consolidação de um provável 2° turno entre Fernando Haddad (PT) e o candidato do PSL, três grandes lideranças do PSDB vieram a público dar justificativas.
O primeiro, Tasso Jereissati, falou em 4 erros históricos do partido. O questionamento do resultado democrático da eleição 2014; as pautas-bombas para desestabilizar o governo Dilma; a iniciativa do golpe de Estado, fadado de impeachment; e o apoio ao governo Temer.
Para ex-senador, presidente do Instituto Teotônio Vilela, esses erros do próprio partido teriam sido cruciais para situação eleitoral do candidato tucano, Geraldo Alckmin.
Este por sua vez, perguntado por uma jornalista global, reconheceu parte dos argumentos levantados por Jereissati. Alckmin declarou “não ser seu estilo a judicialização”; disse que o partido votou com Dilma quando necessário; e assumiu ter sido contrário a participação do seu partido ao governo golpista.
Ontem, foi a vez do ex-presidente da República, presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, publicar nas redes sociais uma carta aberta, chamando a população a votar por candidatos moderados e compromissados com a democracia.
Diferentemente de seus partidários, FHC não fez nenhuma autocrítica, apesar de demonstrar preocupação com o extremismo do candidato do PSL, coloca o PT no mesmo quadro – destoando do tom de Jereissati. Em resumo, a carta de FHC falou de reformas, de seu governo e extrapolando em egocentrismo. Fato que gerou revoltas do candidato Ciro.
O fato é que o PSDB que nasceu como um esperança progressista ao PMDB na década de 90; o mesmo partido, que nasceu de direitistas moderados – à época, como Covas e Montoro, perdeu a oportunidade de construir uma agenda de Estado durante os anos em que o PT liderou o governo federal.
Ou melhor, ao perder seus princípios “social-democratas”, radicalizando o neoliberalismo nos anos 90; ao fazer uma oposição oportunista durante todo período do governo Lula/Dilma, os tucanos perderam sua essência.
A decisão política que afastou o PSDB de um diálogo com a centro-esquerda e o aproximou dos extremistas agora está predizendo mais um fracasso do partido. Enquanto o candidato do PSL engoliu seu eleitorado por um lado e o candidato-banqueiro do Novo comeu pelo outro, o que resta do tucanato aparece como “terra arrasada”.
Enfim, como Haddad disse em rede nacional – “não vou julgar quem assume um erro, seja por 2 ou 50 anos”. Resta saber dos dirigentes do PSDB, se ficarão do lado do campo democrático ou se colocarão ainda mais combustível na barbárie, na onda reacionária que ameaça trazer o autoritarismo de volta ao Brasil.
*Vinicius Sartorato é sociológo. Mestre em Políticas de Trabalho e Globalização pela Universidade de Kassel (Alemanha)