CPI do MST deve ser aberta na próxima quarta-feira
Leonardo Wen/Folha
Criada por requerimento da oposição, a CPI do MST deve ser instalada na proxima semana, provavelmente na quarta-feira (9).
Trata-se de comissão mista, com deputados e senadores. O comando será partilhado por PMDB e PT.
Caberá Renan Calheiros (AL), líder do PMDB no Senado, indicar o presidente. Pende para o nome de um fiel escudeiro: Almeida Lima (PMDB-SE).
A Candido Vaccarezza (SP), líder do PT na Câmara, foi confiada a tarefa de apontar o relator. Deve optar por Jilmar Tatto (PT-SP).
Os membros da CPI são contados em 36, a maioria já indicada. Desse total, 23 são filiados a legendas associadas ao consórcio governista.
Deseja-se perscrutar o volume e o destino das verbas repassadas pelo governo a entidades ligadas ao MST.
A exemplo do que ocorreu na CPI da Petrobras, o Planalto dispõe de número para bloquear a nova comissão, inviabilizando-a.
Há, porém, uma diferença. Perfilam entre os governistas deputados e senadores simpáticos ao agronegócio e avessos ao MST.
É gente disposta a se unir à oposição para fazer a investigação andar. Dessa vez, o trator do governo pode se desgovernar.
- Em tempo: Co-autora do pedido de CPI, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) escalou a tribuna nesta quinta (3).
Queixou-se do ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social). Ele dissera que, sem o Bolsa Família, os trabalhadores rurais seriam presas do trabalho escravo.
Kátia foi às lágrimas. Associou o comentário de Patrus aos de outros dois ministros: Carlos Minc (Meio Ambiente) e Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário).
Minc tachara os agronegociantes de “vigaristas”. Cassel chamara-os de “escravocratas”. Presidente da Confederação Nacional da Agricultura, Kátia disse:
“Se eles não têm compaixão, se eles não têm admiração, se eles não têm reconhecimento, não tem importância...”
“...Nós significamos um terço do PIB, um terço do emprego, um terço das exportações e um terço da economia deste país...”
“...Em um ano, três ministros de Estado nos tachando de vigaristas, senhores feudais e escravocratas! Não é mais possível permitir que isso aconteça”.
Escrito por Josias de Souza às 03h10