Deputados do PT e do PCdoB encaminharam nesta terça-feira (23) requerimento ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, com pedido de abertura de uma investigação sobre eventuais crimes cometidos pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. De acordo com o grupo de deputados, o pedido deve ser encaminhado à direção-geral da Polícia Federal.
Segundo a jornalista Miriam Dutra, o ex-presidente enviou dinheiro a ela no exterior, por meio de um contrato fictício de trabalho, com ajuda da empresa Brasif Exportação, concessionária à época das lojas duty free nos aeroportos brasileiros. Na última sexta-feira (19), José Eduardo Cardozo disse que a PFvai investigar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso “se houver indícios de práticas criminosas”.
Miram e Fernando Henrique tiveram um relacionamento extraconjugal entre 1985 e 1991. FHC e a Brasif negam as acusações sobre o envio de dinheiro. O G1 entrou em contato com o Ministério da Justiça, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. O G1 não conseguiu entrar em contato com o Instituto FHC.
O deputado Wadih Damous (PT-RJ), um dos que assinam o requerimento com pedido de investigação de FHC, explicou que o grupo quer apuração da hipótese de crimes de evasão de divisas, corrupção passiva, crime contra a ordem tributária e outros ilícitos que possam decorrer do relato da jornalista Miriam Dutra.
“Nós queremos deixar bem claro que a vida privada de Fernando Henrique Cardoso não nos interessa, e a sua conduta nessa esfera não nos interessa, isso não é objeto do nosso questionamento. Mas o que a senhora Miriam Dutra relatou, uma série de fatos acerca da conduta do ex-presidente, em tese, algumas dessas condutas tipificam ilícitos penais", declarou Damous.
"Nós circunstanciamos esses fatos ao senhor ministro da Justiça e requeremos a ele que determinasse para a Polícia Federal, a abertura de investigação quanto aos fatos narrados pela senhora Miriam Dutra", completou.
O vice-líder do PCdoB na Câmara, Rubens Pereira Júnior (MA), disse que o objetivo do pedido é impedir que haja uma apuração seletiva. “Temos interesse que seja uma apuração completa e irrestrita para todos os lados. E essa discussão, o ideal é que ela esteja no campo da Polícia e da Justiça, e não no campo da política.
O líder do PT na Câmara, Afonso Florence, negou que o pedido seja um contra ataque à oposição. “O PT e o PC do B, assim que houve a divulgação da entrevista onde a senhora Miriam diz ter prova, contrato, recibo, nós fizemos um grupo de trabalho conjunto, avaliamos e tivemos dois dias úteis para prepararmos uma peça a ser apresentada ao ministro da Justiça. Foi circunstanciada, no ponto de vista jurídico, então não houve nenhuma alteração, apenas tratamos com a parcimônia que o caso requer. É um ex-presidente da República com uma denúncia sendo feita por um pessoa que foi íntima, e que diz ter provas", afirmou Florence.
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