quarta-feira, 10 de novembro de 2010

POBREZA NO CAMPO: há crime maior?


Quem sou eu

Minha foto
Francklin Sá
Feira de Santana, Bahia
No dia-a-dia discuto política, questões sociais e procuro analisar os fatos da nossa cidade, Estado e e por que não, do nosso País. Economista por formação, procuro sempre interagir com os problemas e suas soluções. Além disso, ainda tento ser Consultor Empresarial, Analista Político e Social, Técnico em Projetos Educacionais, procurando dar a minha colaboração sempre que procurado.
Visualizar meu perfil completo
 
Passadas as discussões oriundas da demanda eleitoral, ainda continuam frescas da maioria dos pequenos produtores rurais e dos trabalhadores ligados ao MST, as mortes e perseguições ocorridas na era FHC, como os massacres de Corumbiara em Roraima e do Eldorado dos Carajás no Para, este último ocorrido em 17 de abril de 1996, quando à época era governado por Almir Gabriel do PSDB, cujo partido agora retorna ao governo do Estado, esperando-se que aquele fato, tenha servido de aprendizagem ao futuro governador e que não permita voltar a ocorrer, uma vez que, é sabido por todos, ser o Pará um Estado onde os grandes produtores rurais sempre tiveram os poderes constituídos como aliados, para acobertarem os seus desvios, erros e crimes.
Todos que acompanham a luta dos movimentos sociais, principalmente dos Trabalhadores ligados ao MST, em busca e em defesa dos seus mínimos direitos, ao longo de sua existência sempre sofreram perseguições políticas e policiais e, mesmo assim, após o País alcançar a democracia, estes movimentos continuaram a ser perseguidos, principalmente as organizações camponesas e, por incrível que pareça durante os 08 anos do governo FHC, onde os movimentos sociais sempre foram tratados à base do cassetete.
Em lugar de traçar políticas públicas que visassem a solução dos conflitos sociais, o governo FHC trocou o diálogo pela opção radical de entregar o problema à polícia, com pressões, perseguições e assassinatos.
Aliados à repressão promovida o então governo do PSDB/DEM deixou de promover a tão sonhada reforma agrária, coisa que o governo Lula também não realizou, diga-se de passagem, e em seu lugar, promoveu o maior processo de desarticulação e de destruição da pequena agricultura e da agricultura familiar, que, devemos reconhecer, foram setores que duramente no governo PT, tiveram uma atenção especial.
Quando assistimos comentários técnicos, criticando a produtividade de alguns assentamentos, e analisando o modelo de assentamento implantado na era FHC, passamos a entender o quanto estes comentaristas estão a serviço do agronegócio. Ao criticar, não levam em consideração que o modelo de assentamento implantado pelo governo neoliberal, foi elaborado com o objetivo de prejudicar os movimentos sociais, haja vista que, mesmo sendo uma demanda frutos de enorme pressão social, era planejado de forma que as condições dadas tinham o fim de não dá certo, ou seja, no modelo instituído, o governo se obrigava a comprar terras dos fazendeiros falidos e nela colocar assentamentos sem a mínima infra-estrutura, sem crédito e não era oferecido a mínima condição de comercialização e normalmente distantes de todos os principais centros de comercialização.
Aliado a este crime praticado contra os assentados,o governo FHC como forma de levar o programa ao suicídio, estabeleceu o completo desmonte das políticas públicas existentes que davam o mínimo de sustentabilidade e garantia aos pequenos produtores rurais, ou seja, extinguiu o seguro agrícola, acabou com os estoques reguladores; desmontou o sistema de armazenagem; inviabilizou o acesso ao crédito agrícola, com uma oferta insuficiente e juros escorchantes.
Na realidade, o Brasil ao longo de sua existência através de sucessivos governos, tem praticado políticas antirreforma agrária e criado políticas públicas em que são oferecidas as melhores e maiores condições para o acesso de empresas multinacionais no campo brasileiro. Porém,foi a partir do governo FHC que se implantou de forma rigorosa as bases para o desenvolvimento do agronegócio, cujo modelo é base da sua monocultura em grande áreas de terras, com intensiva aplicação de agrotóxico, com pouca utilização de mão – de – obra e com uma produção voltadas para o mercado externo.
Mesmo após chegar ao poder o PT, através do governo Lula, poucas coisas foram realizadas de forma diferente ao modelo FHC. A engrenagem do agronegócio continuou protegida, sem que ações fossem feitas para desmontá-las. É claro que algumas medidas foram tomadas que vieram a atender as necessidades dos movimentos agrários e dos pequenos produtores rurais. Programa como Luz para Todos, que finalmente saiu do papel e levou energia ao pequeno produtor rural; a criação do seguro agrícola e uma pequena melhora no acesso ao crédito; o incentivo a agricultura familiar e o programa de aquisição de sua produção; a retomada da regulação de estoques, entre outras ações voltadas para o segmento, tem dado um pouco de paz e sossego quem quer da terra tirar o seu pão de cada dia.
Porém, o mais importante foi a retomada da negociação, que mesmo que este diálogo não tenha resultado em conquistas concretas, mas só o fato de deixar de existir a repressão policial no campo, já foi um avanço considerável.
Mas tudo isto ainda é pouco, e o Brasil para se inserir socialmente no sec. XXI precisa que o governo central coloque em sua agenda os problemas do campo como meta a ser priorizada. Precisamos limitar o tamanho das propriedades rurais e junto com a limitação, efetivar a reforma agrária em nosso País, dando terra para quem nela quer trabalhar e dela viver, produzindo alimentos para alimentar o nosso povo. E esta é a nossa hora.

0 Comentários:

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial